Guerreiras Amazonas

A narrativa das Guerreiras Amazonas relatada por Carvajal, que faz a transposição do mito grego para o Novo Mundo, inspirou a obra musical “Guerreiras Amazonas” do compositor Alexandre Guerra. A peça se inicia nas corredeiras intensas e caudalosas do Rio Amazonas, descritas musicalmente pelas cordas que sugerem o movimento ondulante das águas. Sobre essa superfície, madeiras e metais vem pontuar dramaticamente os riscos e intempéries da aventura. O trecho evolui para um ponto de repouso, que representa a aproximação do território sagrado das Amazonas. Solos das madeiras surgem em linhas dodecafônicas se sobrepondo às cordas estáticas sem vibrato, para desenhar o cenário, o canto de seus pássaros e o murmúrio da mata. Do momento plácido, emergem os trombones e cellos em uníssimo, para fazer ecoar o tema mítico das Amazonas, repetido na sequência no tom dominante pelas trompas, desta vez acompanhadas pelas percussões e madeiras par incluir o entorno do cenário. Conforme o tema caminha para seu clímax, os ânimos se acirram, os metais à capela passam a dar um tom “belicoso” que antecede a batalha. Rompem os violinos e violas em fortíssimo no sujeito de uma fuga que dá inicio ao confronto, para em seguida serem respondidos pelos cellos e trompas no contrassujeito, quando são interrompidas pela ofensiva do espanhóis, resgatando fragmentos do início das corredeiras. Novamente o sujeito é reestabelecido, agora em novo contexto, que evolui modulante e politonal. A sessão culmina no ponto em que se resgata o tema das Amazonas pelo trompete solo, que é desafiado pelos baixos e cellos em uníssono e que por fim, sucumbe à sua força, assim como os espanhóis são dominados. Por fim, o tema soberano das Amazonas pode se impor novamente, desta vez ainda mais imperial, executado à plena força por toda a orquestra que o conduz para um desfecho afirmativo e grandioso.

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